As ideias de Kardec, um auto proclamado codificador de espiritismo, muito controversas, até mesmo enganadoras, trazem uma perspectiva interessante ao futuro da Humanidade. No entanto, fica sempre a dúvida, tal como refere Camilo Flammarion, o cientista que ajudou Kardec a escrever este livro:
“Se o caro colega espera que diga alguma coisa de preciso eu não poderia. Comecei meus trabalhos com referência a essa questão em 1862; eis, pois, sessenta anos que os pesquiso. Hoje não posso afirmar senão uma coisa, é que eu nada sei, é que não compreendo nada absolutamente. Um só ponto me parece esclarecido: é que, na grande maioria dos casos, há sugestão consciente ou não de espírito a espírito”. (Les morts vivent-isl, p. 89).
No entanto, interessa interpretar, à luz da actualidade, tão próxima da meta temporal premonitória, as ideias de Allan Kardec:
“A Humanidade tem realizado, até ao presente, incontestáveis progressos. Os homens, com a sua inteligência, chegaram a resultados que jamais haviam alcançado, sob o ponto de vista das ciências, das artes e do bem-estar material. Resta-lhes ainda um imenso progresso a realizar, para além de desenvolver a inteligência: o que os homens necessitam é de elevar o sentimento e, para isso, é preciso destruir tudo o que estimule egoísmo e orgulho.
Não se trata de uma mudança parcial, de uma renovação limitada a certa região, ou a um povo, a uma raça. Trata-se de um movimento universal, a operar-se no sentido do progresso moral. Uma nova ordem de coisas tende a estabelecer-se, e os homens, que mais opostos lhe são, para ela trabalham a seu mau grado.
Depois de se haver, de certo modo, considerado todo o bem-estar material, produto da inteligência, logra-se compreender que o complemento desse bem-estar somente pode achar-se no desenvolvimento moral.
Surgem desejos, aspirações, que são como que o pressentimento de um estado melhor.
É deste confronto de ideias que surgirão os graves acontecimentos preditos e não de cataclismos ou catástrofes puramente materiais. Hoje, não são mais as entranhas do planeta que se agitam: são as da Humanidade.
O Espiritismo à Humanidade uma estrada nova e desvenda-lhe os mistérios do mundo invisível, mostra-lhe o seu verdadeiro papel na criação, papel perpetuamente activo, tanto no estado espiritual, como no estado corporal. O homem já não caminha às cegas: sabe donde vem, para onde vai e por que está na Terra. O futuro se lhe revela em sua realidade, despojado dos prejuízos da ignorância e da superstição. Já na se trata de uma vaga esperança, mas de uma verdade palpável. Ele sabe que o seu ser não se acha limitado a alguns instantes de uma existência transitória; que a vida espiritual não se interrompe por efeito da morte; que já viveu e tornará a viver e que nada se perde do que haja ganho em perfeição;
Enquanto o orgulho e o egoísmo o dominarem, o homem se servirá da sua inteligência e dos seus conhecimentos para satisfazer às suas paixões e aos seus interesses pessoais, razão por que os aplica em aperfeiçoar os meios de prejudicar os seus semelhantes e de os destruir.
O Espiritismo não cria a renovação social; a maturidade da Humanidade é que fará dessa renovação uma necessidade. Pelo seu poder moralizador, por suas tendências progressistas, pela generalidade das questões que abrange, o Espiritismo é mais apto, do que qualquer outra doutrina, para sustentar o movimento de regeneração;
A nova geração distingue-se por inteligência e razão geralmente precoces, juntas ao sentimento inato do bem e a crenças espiritualistas. Não se comporá exclusivamente de Espíritos eminentemente superiores, mas dos que, já tendo progredido, se acham predispostos a assimilar todas as ideias progressistas e aptos ao movimento de regeneração.
O que, ao contrário, distingue os Espíritos atrasados é, em primeiro lugar, a revolta contra Deus, negarem-se a reconhecer qualquer poder superior aos poderes humanos; a propensão instintiva para as paixões degradantes, para os sentimentos antifraternos de egoísmo, de orgulho, de inveja, de ciúme; enfim, o apego a tudo o que é material: a sensualidade, a cupidez, a avareza.”
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